Biblioteca Digital com 75 mil acessos mensais

 Número 140   ·   1 de Julho de 2009   ·   Suplemento do JL n.º 1011, ano XXIX

  

Centro Virtual Camões

Seis meses depois do seu lançamento, a Biblioteca Digital Camões (BDC) viu o seu acervo bibliográfico ser alargado em mais 300 livros, passando dos 1.200 iniciais para os actuais 1.500, número que deverá crescer até aos 1.700 no final do ano, segundo o seu coordenador, Rui Vaz.

 

EncarteEntre as aquisições recentes mais significativas estão os 52 títulos da colecção 98 Mares, editada pela Parque Expo.

A BDC, referiu Rui Vaz, já apresenta perto de 75 mil acessos mensais, ou seja 15% dos 467 mil acessos mensais do CVC – a plataforma de recursos e de ensino/formação, desenvolvida em consonância com a aposta que tem sido feita nos últimos anos nas TIC (tecnologias de informação e comunicação) pelo Instituto Camões (IC), conforme referiu a sua presidente, Simonetta Luz Afonso, numa comunicação em Junho último ao Conselho Nacional de Educação (CNE).

O coordenador do CVC considera que a BDC contribuiu para o aumento do número de acessos à plataforma digital do IC, que assim se encontra perto do objectivo definido para 2009: meio milhão de acessos mensais.

Um levantamento dos acessos às obras consultadas (leitura em linha), consultadas e copiadas e consultadas e impressas – as três modalidades possíveis – mostrou que as categorias mais procuradas são as de História e Literatura, a que se segue a categoria infantil, o que se explica «não tanto pela quantidade, mas pela qualidade» dos conteúdos para crianças e jovens, nomeadamente os audiolivros com componente visual, segundo refere Rui Vaz.

Encontra-se assim a ser «arquitectado», segundo revelou na exposição que fez na CNE Simonetta Luz Afonso, «o CVC para os mais novos», que acolherá os conteúdos já disponibilizados e outros em construção, preparando o IC «para uma rede de docência que se vai alargar à educação pré-escolar e ensinos básico e secundário», decorrentes das alterações aprovados pelo Governo em Maio passado, segundo as quais a tutela do ensino do Português no estrangeiro também nos níveis não universitários passará para o Instituto Camões.

Um inquérito realizado em linha na página de Internet do IC aos visitantes – com as óbvias limitações que este tipo de levantamento tem – mostrou que cerca de 90% considera «boa» ou «muito boa» a iniciativa de criação da BDC, que mais de 72% «já utilizou». Destes, 69% já efectuou a leitura em linha de documentos e livros, contra 30 por cento que os imprimiu para ler posteriormente.

A resposta à questão sobre o «género de livros» mais consultado «habitualmente», mostrou que as obras sobre Literatura (13,95%), os Estudos Literários/Crítica Literária (10,04%) e relativas à Língua (9,91%) são as mais procuradas pelos inquiridos, seguidas pelos textos sobre Educação (8,20%) e História (7,59%). Os temas que gostariam de ver reforçados seguem de perto estes mesmos géneros.

Em níveis elevados, os inquiridos deram também conta da sua satisfação com os conteúdos da BDC em dois planos: o da utilidade para a actividade profissional («muita utilidade» e «enorme utilidade» para 71,89%) e para o tempo de lazer («muita utilidade» e «enorme utilidade» para 68,27%); e o da qualidade dos recursos («bons» e «muito bons» para 76,24%).

 

Bases temáticas

No CVC novos conteúdos estão entretanto na calha para disponibilização até final do ano, segundo o coordenador, nomeadamente três novas bases de dados com que se pretende alargar os recursos em linha, dando «uma panorâmica», na expressão de Rui Vaz, sobre diversos sectores, já que a plataforma digital se pretende posicionar como «sítio de primeiro contacto com a cultura portuguesa».

As novas bases vêm juntar-se às mais recentes aquisições do CVC sobre História Europeia, Música Portuguesa e Ciência e Cientistas em Portugal, e ao Mapa Etno-Musical e a outros recursos temáticos mais antigos sobre Ciência em Portugal (de carácter histórico), Cinema Português, Figuras da Cultura Portuguesa, Filosofia Portuguesa, História da Língua Portuguesa, Literatura Portuguesa e Navegações Portuguesas.

A mais recente é a que foi posta em linha em Junho último sobre Ciência e Cientistas portugueses, preparada pelo matemático e professor universitário (ISEG) Nuno Crato e pelo jornalista e divulgador científico Luís Tirapicos. Virada para a actualidade, a base temática pretende «dar uma panorâmica dos portugueses que fazem ciência», referindo muitos que se encontram a trabalhar no estrangeiro. É também feita uma apresentação das sociedades científicas e dos laboratórios e instituições que produzem ciência em Portugal.

Entre as bases em preparação com o apoio do IC está a relativa ao Teatro Português, da responsabilidade científica do Centro de Estudos de Teatro da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, com direcção de Maria João Brilhante, professora universitária e membro do conselho de administração do Teatro Nacional D. Maria II.

À semelhança do que já acontece com a base sobre Música Portuguesa contemporânea, da Miso Music Portugal, o CVC funciona como «interface» para um conjunto de informações «introdutórias» que têm como alvo «um público não especialista», explica Rui Vaz. Mas sendo na origem uma base «muito especializada e extensa», esta pode ser acedida mais em profundidade a partir do CVC por aqueles que o pretenderem, que aí encontrarão dados sobre autores, produtores, textos, espectáculos, salas e cronologias.

Outra base temática que estará disponível até final de 2009 recolhe informação sobre Arte Contemporânea Portuguesa «das décadas de 1970/1980 para cá», segundo o coordenador do CVC. Elaborada pelo jornalista e editor da revista L’Arte Magazine Pedro Faro, esta base temática «apresenta artistas portugueses e outros agentes envolvidos, sejam instituições sejam curadores». Fiel à lógica de ser um ponto de «primeiro contacto», a base temática permitirá ligações para os múltiplos sítios existentes especializados em arte portuguesa.

A terceira base temática em preparação até final do ano é sobre animação portuguesa, com informação sobre obras, autores e produtores e também com filmes de curta-metragem, organizada sob a direcção de Fernando Galrito, realizador, professor da ESAD e director do festival de animação ‘Monstra’, indica o coordenador do CVC. É no entanto um projecto a dois anos. Em 2009 será lançada «com um conjunto mais reduzido de filmes». Em 2010, no 10º aniversário da ‘Monstra’, que tem como tema a animação portuguesa, o conteúdo do DVD produzido pela organização do festival com propostas de exploração pedagógica sobre 30 filmes de animação portugueses será inserido nesta base temática do CVC. A base será depois completada com uma «visão mais diacrónica».

Novidade desde Junho entre os recursos disponíveis no CVC está o visionamento de vídeos, com a inserção no sítio da gravação da maratona da leitura de Os Lusíadas, realizada no Centro Cultural de Belém a 22 de Março passado, em que é possível acompanhar a leitura ao vivo da obra pelo texto escrito, apresentado na mesma página. Outra gravação disponibilizada diz respeito às mesmas celebrações do Dia da Poesia na sessão ‘De Viva Voz’, na qual poetas de língua portuguesa declamaram textos seus.

Todos estes vídeos podem igualmente ser encontrados no canal do IC no Youtube.