Exposição de José de Guimarães: África Revisitada

Exposição de José de Guimarães no Museu Würth - La Rioja

Os 134 objectos que compõem o Alfabeto Africano, uma das obras emblemáticas de José Guimarães, estão pela primeira vez na sua totalidade reunidos na exposição que está patente desde o início deste mês e até 2 de Novembro no Museu Würth - La Rioja, em Espanha, numa das mais importantes retrospectivas dos últimos anos sobre a obra deste artista plástico.

Número 125   ·   7 de Maio de 2008   ·   Suplemento do JL n.º 981, ano XXVIII

Relicário, José de Guimarães
Relicário, José de Guimarães
Intitulada José de Guimarães: Mundos, Corpo e Alma, a exposição exibe cerca de 120 obras, 84 das quais fazem parte da excelente colecção de estatuária tribal africana do autor, um dos nomes de maior projecção das artes plásticas contemporâneas portuguesas no mundo.

O Museu Würth - La Rioja, inaugurado em 2007 no Polígono industrial El Sequero, perto de Logroño, Espanha, é uma extensão da instituição homónima situado na Alemanha que, em 2001 organizou a primeira grande exposição retrospectiva de José de Guimarães no exterior, com cerca de 100 obras, entre pinturas, esculturas e objectos, de 1971 a 2001.

Alguns dos objectos que compõem o Alfabeto Africano já tinham sido mostrados por José de Guimarães nas bienais de Valência e de Veneza, mas é a primeira vez que são todos eles reunidos num único local, segundo o próprio autor.

África tem um papel fundador na obra deste artista plástico nascido em 1939 e que parecia destinado às engenharias e à vida militar. Uma comissão militar em Angola durante sete anos, a partir de 1967, pô-lo-ia em contacto com a arte tribal africana, que enfrenta já «armado» pelo conhecimento directo, durante as suas viagens formadoras pela Europa, das obras de Paul Klee e Kandinsky, Picasso e Miró, Michelangelo, Morandi e Giorgio De Chirico e, sobretudo, Rubens (a que dedicará em 1978 uma exposição dos seus próprios trabalhos, na Fundação Calouste Gulbenkian).

É então que concebe, dizem os seus biógrafos, o projecto de uma «síntese» (ele prefere a palavra «osmose») da arte europeia e da arte africana, indo buscar a esta última a «gramática» da sua simbologia.

No entanto, para além deste regresso a África, a exposição de Logroño reflecte também a multifacetada obra de José de Guimarães, através das inúmeras obras do autor que fazem parte dos fundos Würth.