«Mergulho» em férias na Língua e na Cultura Portuguesa

A partir de Julho próximo, os Estados Unidos (EUA) vão contar pela primeira vez com um campo de férias em que os jovens dos 7 aos 18 anos poderão aprender a Língua Portuguesa e entrar em contacto com as culturas lusófonas através de actividades culturais e recreativas diversas.

Número 127   ·   2 de Julho de 2008   ·   Suplemento do JL n.º 985, ano XXVIII

Mergulho  
   

O primeiro campo de férias de Língua Portuguesa surge por iniciativa do Colégio de Concordia, em Moorhead, no Estado do Minnesota, no centro norte dos EUA, que desde 1961 promove as chamadas ‘Aldeias Linguísticas Concordia’, que seguem o princípio da «imersão linguística».

O Português passa agora a figurar ao lado do Inglês, Chinês, Espanhol, Árabe, Francês, Russo, Alemão, Japonês, Italiano, Coreano, Sueco, Norueguês, Finlandês e Dinamarquês, que já têm aldeias dedicadas.

Segundo o conselheiro cultural e de imprensa da Embaixada de Portugal nos EUA, Manuel Silva Pereira, este projecto, em que o Instituto Camões está presente, pode, em particular, «interessar aos filhos dos imigrantes portugueses» no país, muitos dos quais já são na prática americanos.

Na cerimónia de lançamento da Aldeia de Língua Portuguesa, em Outubro passado, os membros da Câmara dos Representantes Devin Nunes e Jim Costa, membros do Caucus Português-Americano da câmara baixa do Congresso norte-americano, manifestaram a esperança de que os jovens dos seus distritos no Estado da Califórnia participem nos campos de Verão e melhorem as oportunidades linguísticas oferecidas nas escolas.

O senador do Minnesota Norm Coleman, que também esteve presente na cerimónia realizada em Capitol Hill, sede do Congresso norte-americano, em Washington, e em que participou igualmente a sua colega pelo mesmo Estado Amy Klobuchar, declarou que «o Português é falado por alguns povos que serão muito importantes na forma a dar ao novo século».

Evocando o Brasil, Portugal e a África lusófona, Coleman considerou que «se queremos trabalhar em questões como os combustíveis renováveis, no desenvolvimento europeu ou na crise global da SIDA, realmente ajuda falar Português».

«Na nossa nação, o número de americanos que falam Português é um segredo bem guardado. A nova Aldeia da Língua Portuguesa é o primeiro passo nacional significativo para trazer este conhecimento à luz do dia», declarou por seu lado Patrick Kennedy, co-presidente do Caucus Português-Americano da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos.

De acordo com o princípio da «imersão», os jovens são «mergulhados», durante um determinado período, num meio em que todas as actividades se desenrolam na língua que pretendem dominar. Segundo uma nota de divulgação das Concordia Language Villages, o conhecimento prévio da Língua Portuguesa «não é (…) uma condição indispensável para habitar a aldeia, já que a aprendizagem se faz em grupos pequenos, formados segundo o grau de proficiência linguística».

A equipa de monitores, composta por falantes nativos e não nativos de Português, enquadra durante as duas semanas do programa os «aldeões» da Mar e Floresta, cuja localização é no norte do estado do Minnesota.

A criação da Aldeia Linguística de Língua Portuguesa, que recebeu o nome de Mar e Floresta, decorreu de um donativo de 300 mil dólares da Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento (FLAD) ao Colégio Concordia, para financiar a sua preparação. De acordo com os organizadores, o financiamento da FLAD – instituição que tem como um dos pontos essenciais do seu programa a promoção da Língua Portuguesa nos EUA – cobriu «os encargos com o arranque da iniciativa, a elaboração curricular do programa, a formação de monitores e as acções de difusão e promoção da ‘Aldeia’ junto das várias comunidades».

O Concordia College é uma instituição universitária privada que possui licenciaturas de quatro anos em Letras e «forma vocações para carreiras profissionais na área da Educação Internacional».