Mostra Portuguesa em Espanha: Ao 7º ano, a moda, o teatro e a dança

Moda, teatro e dança são as novidades da Mostra Portuguesa em Espanha, que este ano vai já na sua 7ª edição, todas elas organizadas pela equipa dirigida pelo poeta João de Melo, conselheiro cultural da Embaixada de Portugal em Madrid, com o apoio e financiamento do Instituto Camões (IC).

Mantêm-se, como noutros anos, as exposições, os concertos musicais, o cinema e os colóquios e debates entre escritores e académicos dos dois países. E também como nos últimos anos, a VII Mostra não se fica por Madrid-Barcelona. Saragoça, Valência, Alcalá de Henares, Cáceres, Badajoz, Corunha, Santiago de Compostela e Vigo acolhem alguns dos eventos realizados no seu âmbito.

«O nosso propósito consiste em mostrar um país activo e inovador, através de um leque de propostas que traduzam o carácter simultaneamente moderno e tradicional de uma cultura que andou e anda pelo mundo, movendo-se, afirmando-se, levando e trazendo consigo a sua originalidade, os seus códigos de relação com outros mundos e outras culturas», diz João de Melo no programa da VII Mostra Portuguesa.

A Mostra, que amanhã é apresentada à imprensa em Madrid, decorre tecnicamente de 2 de Novembro a 20 de Dezembro, mas alguns dos seus eventos derramam-se por antes e depois destas datas, como acontece, por exemplo, no âmbito dos encontros de escritores portugueses na Galiza, em que Alexandra Lucas Coelho está esta semana por instituições do ensino superior da Corunha, Santiago de Compostela e Vigo, etapas que serão cumpridas pelo outro participante, valter hugo mãe, em Novembro.

A componente literária e histórica desta Mostra é particularmente notória com a apresentação da antologia bilingue da poesia portuguesa Alma Minha Gentil (v. texto neste suplemento) e a realização a 23 de Novembro, em Barcelona, da 2ª edição do seminário De Mar a Mar, organizado com o Instituto Cervantes e com o tema ‘Romance e História’, em que participam de Portugal os escritores Miguel Sousa Tavares e Miguel Real e a professora catedrática Maria de Fátima Marinho, especialista do tema da ‘História na Ficção Ibérica’, e de Espanha os escritores Ignacio Martínez de Pisón, María Pilar Queralt del Hierro e Fernando Martínez Laínez.

Em debate na Mostra estarão ainda as relações históricas entre Portugal e a Catalunha – Irmãos Separados é o título do colóquio no Ateneo de Barcelona –, com a intervenção dos historiadores Jorge Couto, Fernando Catroga e José Medeiros Ferreira, Joseph Sánchez Cervelló (Universidad de Terragona), Joaquín Sola e Víctor Martínez-Gil (Universidad Autónoma de Barcelona).

O chamado ‘jornalismo cultural’ dos dois países será debatido no Instituto Cervantes, em Madrid, a 11 de Novembro, com José Carlos de Vasconcelos (director do Jornal de Letras), Luísa Mellid-Franco (crítica literária do Expresso), Jesús García Calero (ABC) e Jesús Ruiz Mantilla (El País), moderados por Luis Martín (Radio 5).

A Mostra chega também às universidades de Alcalá de Henares e Autónoma de Madrid com a realização em cada uma delas, respectivamente nos dias 17 e 18 de Novembro, de uma ‘Jornada de Literatura Portuguesa’, com a participação de Jacinto Lucas Pires, tendo como tema a nova geração de escritores portugueses.

A moda, novidade de 2009, estará presente através da exposição 12 Trajes para Ibéria, em Badajoz, e de um encontro em Madrid entre representantes das associações de estilistas dos dois países. A dança e o teatro, as outras inovações do programa, terão Tânia de Carvalho e o espectáculo De mim não posso fugir, paciência!, inserido no Festival de Otoño, e a peça La Jaula, de Ana Cristina Câmara, na Casa de América (v. texto neste suplemento).

Importantes exposições marcam a programação. São elas a mostra antológica sobre o açoriano Canto da Maia, «’escultor português do silêncio’, com os seus trabalhos em terracota que são de uma imensa variedade de temas, motivos, figuras e estéticas», no dizer de João de Melo, e a exposição de azulejos portugueses em Cáceres (v. textos neste suplmento). Num registo diferente a participação de Leonel Moura no ‘In-Sonoro’ com os seus robots insectos, e a exposição do jovem cartonista Richard Câmara (em duas Universidades: a Autónoma de Madrid e a de Alcalá de Henares) com o tema dos ‘falsos amigos’, as palavras semelhantes na forma, mas diferentes no significado entre Portugal e Espanha.

«No que respeita à Música, creio poder falar de um bom mosaico de géneros, que passam tanto pelo Fado (concerto-diálogo sobre o palco, entre a portuguesa Cristina Branco e a espanhola María Berasarte); pelo conhecido e extraordinário compositor Rodrigo Leão (duplo concerto, em Madrid e Barcelona); pelos Deolinda, um dos mais interessantes projectos musicais ultimamente surgidos em Portugal; e também pela música étnica da lusofonia, trazida pelo Trio Nua», refere o organizador da Mostra.

Segundo o embaixador de Portugal em Madrid, Álvaro Mendonça e Moura, a Mostra, apoiada e financiada pelo IC, «no seu actual modelo, só é possível com a inestimável ajuda» do Estado espanhol, a saber o Ministério da Cultura, a Presidência do Governo e o Ayuntamiento de Madrid, bem como de outras entidades públicas e privadas, portuguesas e espanholas, como o Ministério da Cultura português, o Governo Regional dos Açores, a Caja Duero e a TAP.

 

Encarte Camões no JL n.º 144

Suplemento da edição n.º 1019, de 21 de outubro a 3 de novembro de 2009, do JL - Jornal de Letras, Artes e Ideias