«The cachorro manco show» vence Prémio António José da Silva

Dramaturgia

A peça The cachorro manco show, da autoria do brasileiro Fabio Luís Mendes (São Paulo, Brasil), venceu a 2ª edição do Prémio Luso-Brasileiro de Dramaturgia António José da Silva, promovido anualmente pela Fundação Nacional das Artes (Funarte), Brasil, e pelo Instituto Camões, em parceria com a Direcção-Geral das Artes e o Teatro Nacional D. Maria II.

Número 128   ·   30 de Julho de 2008   ·   Suplemento do JL n.º 987, ano XXVIII

A Minha MulherA decisão de atribuição do Prémio foi tomada, por maioria, com voto de qualidade, da presidente do júri brasileiro, Carmem Cinyra Gadelha Pereira.

O júri distinguiu também, por unanimidade, com uma Menção Honrosa, a peça Visita na Prisão, da autoria de Armando Nascimento Rosa (Évora, Portugal). Trata-se, segundo um elemento do júri, de um «drama histórico (ou quase melodrama) de feição romântica oitocentista. Peça muito imaginativa, bem escrita e com achados surpreendentes.»

Armando Nascimento Rosa (Évora, 1966) «é actualmente um dos dramaturgos portugueses vivos mais representados, com doze produções profissionais de peças suas desde a estreia cénica com Lianor no País sem Pilhas, obra distinguida em 2000 com o Prémio Revelação Ribeiro da Fonte, do Instituto das Artes», segundo uma nota biográfica distribuída.

O Prémio Luso-Brasileiro de Dramaturgia António José da Silva tem como objectivo incentivar a escrita dramática, estimular o aparecimento de novos escritores de Língua Portuguesa e reforçar a cooperação entre Portugal e o Brasil.

The cachorro manco show será agora editado em livro e encenado no Brasil e em Portugal. Fabio Luís Mendes receberá ainda uma recompensa no valor de 15 mil euros.

Nesta 2ª edição do Prémio Luso-Brasileiro de Dramaturgia, os participantes eram convidados a responder nos seus trabalhos à «provocação temática» representada pela obra e figura do Padre António Vieira, no ano em que se comemora o quarto centenário do jesuíta, que, nascido em Portugal, morou grande parte de sua vida no Brasil, onde defendeu os direitos dos índios e escreveu sermões que se tornaram referência para o barroco português e brasileiro.

Ao Prémio podiam concorrer textos teatrais originais de todos os géneros e para todos os públicos, «não editados e não encenados», nem «divulgados por quaisquer meios, total ou parcialmente, até à data da publicação do resultado da selecção», criados por dramaturgos brasileiros ou portugueses.

Este facto determinou em Portugal a desistência de Miguel Real e Filomena Oliveira, que comunicaram a estreia, a 18 de Julho, da adaptação da peça que tinham apresentado a concurso - Vieira, o Sonho do Império - nas ruínas do Convento do Carmo, em Lisboa, com o título Vieira, o Céu na Terra, numa produção do Teatro Nacional D. Maria II.

O júri luso-brasileiro do Prémio António José da Silva reuniu-se a 18 de Julho passado através de vídeo-conferência entre os dois países.

Ao prémio concorreram 32 textos em Portugal e 77 no Brasil. Dos dois lotes foram apurados, por um júri nacional, quatro finalistas em cada um dos países, do qual saiu o nome do vencedor desta 2ª edição do Prémio.

Os elementos brasileiros do júri foram Carmem Cinyra Gadelha Pereira (RJ), pesquisadora teatral, Edwaldo Machado Cafezeiro (RJ), professor da Escola de Teatro da UNI-Rio, e Fernando Antonio Pinheiro Villar Queiroz (DF), PhD em teatro e performance pelo Queen Mary College da Universidade de Londres e professor do Departamento de Artes Cênicas da Universidade de Brasília.

O júri do lado português foi composto por Sebastiana Fadda, investigadora do Centro de Estudos de Teatro da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, tradutora e membro da Associação Portuguesa dos Críticos de Teatro, Rui Mendes, actor, encenador, cenarista e antigo professor na Escola Superior de Teatro e Cinema, e Pedro Mexia, colunista, crítico e subdirector da Cinemateca Portuguesa.

A 1.ª edição do Prémio Luso-Brasileiro de Dramaturgia António José da Silva teve como vencedora a peça A minha mulher, do escritor português José Maria Vieira Mendes, levada à cena pelo Teatro Nacional D. Maria II.