Exposição Individual de Pedro Pires "A Vida Longa das Linhas Retas"

Descrição

O artista luso-angolano, Pedro Pires inaugura a 20 de abril de 2023, no Camões - Centro Cultural Português (CCP) em Luanda, a sua exposição individual "A Vida Longa das Linhas Retas". A mostra integra o programa das comemorações que o CCP em Luanda dedica ao Dia Mundial da Língua Portuguesa, que se assinala a 5 de maio, e marca o regresso a solo do artista à capital angolana, após vários anos de presença crescente no circuito artístico internacional.

A exposição tem a direção artística e produção da galeria de arte contemporânea luso-angolana THIS IS NOT A WHITE CUBE, a primeira galeria africana em Portugal que, mantendo uma profunda ligação com África, não se centra exclusivamente nos círculos lusófonos, mas principalmente na estética emergente das produções artísticas culturais do Sul Global. Com texto curatorial de Luísa Santos, a mostra apresenta um conjunto de 23 trabalhos maioritariamente inéditos, de escultura e intervenção sobre papel, decorrendo, na designação, da apropriação do título do ensaio homónimo de Wolfgang Döpcke, "A vida longa das linhas retas" (1999), que fornece uma análise crítica das narrativas estereotipadas que envolvem a definição das linhas de fronteira em África.

Através da referência à obra de Wolfgang Döpcke, Pedro Pires reintegra conceptualmente aos nossos olhos, uma reflexão que a sua obra propõe, desde há muito, em torno da noção de fronteira e de fragmentação da identidade. A mostra proporciona aos visitantes a oportunidade de explorar uma produção artística singular, reconhecida pelo recurso recorrente a mecanismos de apropriação de objetos e de ideias mas, sobretudo dos seus contextos, em prol da edificação de reflexões concretas sobre narrativas instituídas e da renegociação de uma significação original através da lente da arte contemporânea e das suas molduras conceptuais.

A exposição apresenta-se em dois núcleos distintos. A primeira sala saúda os visitantes com quatro desenhos verticais. Corpos cinzelados a fogo e solda, à escala humana. Esculturas suspensas, pendentes, que formando um quadrado, criam um espaço dentro do espaço da galeria onde o visitante adentra para vislumbrar a face dúplice de cada obra e a sua dúplice aceção, quais “organismos vivos, em constante processo de troca e de transformação”. Se as fronteiras que o título anuncia são prenúncio de divisão, a solda e os corpos por ela delineados, “unem, neutralizando e reforçando o processo da imaginação na construção (e destruição) das fronteiras”. A sala superior apresenta 4 esculturas feitas com resina e tecidos Vlisco, cada qual uma fronteira em si, marcada matericamente pelo impedimento do acesso a elementos identitários que nos corpos os tornariam únicos e reconhecíveis. Acrescem outros desenhos que, contrariamente aos primeiros, se movem fragmentados, delimitados por barreiras que os emolduram em segmento.

A exposição ficará patente em Luanda até 26 de maio de 2023. 

A entrada é livre.