"Escolhi Portugal porque é um país que guarda uma íntima relação histórica com Moçambique, é um país seguro para viver e estudar, tem um ensino superior de qualidade, e é um país famoso por acolher os estudantes estrangeiros."

Publicado em sexta-feira, 11 fevereiro 2022 16:38

A educação e a formação constituem componentes fundamentais do desenvolvimento do capital humano de um país, contribuindo para o incremento de uma sociedade mais igualitária, mais inclusiva, mais competitiva e melhor capacitada para responder aos desafios que se colocam num contexto de globalização, pelo que a valorização dos recursos humanos desempenha um papel preponderante no desenvolvimento económico e social dos países. Ciente desta importância, Portugal tem vindo a desenvolver um Programa de Bolsas de Estudo (externas e internas), no âmbito da Cooperação para o Desenvolvimento desde 31 de dezembro de 1974.

Deste modo, a concessão de bolsas de estudo da Cooperação Portuguesa, tem-se assumido, desde o início, como um importante instrumento estratégico da Política Externa Portuguesa, mas também como um importante instrumento ao nível da Ajuda Pública ao Desenvolvimento por parte de Portugal, contribuindo para a valorização dos recursos humanos e das instituições daqueles países, promovendo simultaneamente valores como a equidade, igualdade de oportunidades e a valorização do mérito.

Este Programa de Bolsas, que nos primeiros anos era dirigido apenas para os PALOP, foi sendo alargado a outros países, como Timor-Leste, e a partir de 2019 ao Senegal e Colômbia.

5 perguntas a…

O que o fez sair de Moçambique e escolher Portugal para fazer o Mestrado em Saúde Pública e Desenvolvimento?

Decidi sair de Moçambique para fazer o Mestrado em Saúde Pública e Desenvolvimento porque, primeiramente, este é um curso que tinha duas componentes importantes: a área da saúde pública e a área de desenvolvimento. Soube da existência do curso através de uma extensa pesquisa por instituições de ensino públicas portuguesas que ministravam programas de Mestrado na área da saúde pública. Vi o programa curricular do curso e este satisfazia os meus anseios e agregava valores profissionais ao meu currículo como Médico Dentista.

Escolhi Portugal porque é um país que guarda uma íntima relação histórica com Moçambique, é um país seguro para viver e estudar, tem um ensino, sobretudo, superior de qualidade, tanto a nível europeu como mundial e é um país famoso por acolher os estudantes estrangeiros.

Como ficou a conhecer os apoios do Camões - Instituto da Cooperação e da Língua, I.P.?

Seguia há algum tempo a página do Instituto da Cooperação e da Língua, I.P. no Facebook e pude ver o excelente trabalho que este instituto faz em Moçambique, sobretudo na área da literatura. No entanto, só fiquei a conhecer os apoios do Camões através de um grande amigo, o Avelino Mazuze. Foi este quem me esclareceu algumas das dúvidas e convenceu-me a concorrer a uma das vagas para financiamento dos estudos em Portugal.

Que conselhos dá a quem pretende tirar um Curso Superior em Portugal?

Os conselhos que dou a quem pretende tirar um Curso Superior em Portugal são apenas quatro. Primeiro, estudar em Portugal é garantia de formação de qualidade, tendo os melhores professores ao seu dispor. Segundo, há que sempre manter o foco no objetivo primordial em Portugal que é a nossa formação com excelência. Terceiro, busque sempre aprender mais, não se limite ao que é básico saber. Por fim, aproveitem esta experiência e enriqueçam o vosso ser ao máximo.

De que forma lhe parece que o Mestrado que fez no Instituto de Higiene e Medicina Tropical poderá contribuir para o setor da saúde em Moçambique?

Bom, o curso de mestrado em Saúde Pública e Desenvolvimento poderá contribuir para o setor da saúde em Moçambique na medida em que a nível mundial há uma transição epidemiológica, onde as doenças crónicas não transmissíveis (cancro, doenças cardiovasculares, entre outras) substituem as doenças infeciosas como principais causas de mortalidade. No entanto, em Moçambique, ainda existe uma elevada taxa de mortalidade associada às doenças crónicas não transmissíveis e as doenças infeciosas. Deste modo, existe um maior peso nos problemas de saúde. Assim sendo, existe uma necessidade de mais profissionais formados nesta área, de modo a conjugar com o setor da saúde na criação de políticas e estratégias que possam melhorar os indicadores de saúde.

Por outro lado, Moçambique é um país subdesenvolvido pelo que a componente de Desenvolvimento do Mestrado contribuirá na intervenção e Desenvolvimento das comunidades mais carenciadas.

Como foi a sua experiência, nomeadamente no que diz respeito à aprendizagem, e que aspetos positivos destacaria?

No que diz respeito à aprendizagem, tenho em Portugal a destacar vários aspetos positivos. Aprendi com professores com elevada capacidade didática, conhecimento profundo sobre a realidade, no âmbito da saúde, dos países da OCDE e países da CPLP, sobretudo os PALOPS e fiz parte de vários projetos de pesquisa que culminaram na produção de dois artigos científicos publicados em revistas indexadas.

 

Veja aqui o vídeo do testemunho de Jeremias Chone, Bolseiro da Cooperação Portuguesa.