Língua Portuguesa: Apresentada Plataforma do Vocabulário Ortográfico Comum (VOC)

Publicado em sexta-feira, 20 fevereiro 2015 17:44

A plataforma do Vocabulário Ortográfico Comum da Língua Portuguesa (VOC) foi apresentada publicamente a 19 de fevereiro de 2015 em Lisboa, na sede da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), numa sessão promovida conjuntamente com o Instituto Internacional da Língua Portuguesa (IILP), responsável pelo seu desenvolvimento.

O VOC, cuja criação no quadro dos trabalhos destinados à implementação do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa (AOLP), de 1990, foi decidida pelo Plano de Ação de Brasília, de 2010, e que foi aprovado pela cimeira de Díli da CPLP, em julho do ano passado, tem como objetivo congregar os vocabulários ortográficos nacionais dos países da CPLP.

O secretário executivo da CPLP, o embaixador moçambicano Murade Murargy, considerou a criação do VOC «uma ferramenta fundamental para a projeção e consolidação internacional da língua portuguesa», enquanto o Presidente do Conselho Científico do IILP, o professor universitário moçambicano Raúl Calane da Silva, afirmou que se trata da «possibilidade de nós, na utopia do Padre António Vieira, possuirmos através dos mecanismos informáticos modernos uma porta aberta para o coração da língua».

Atualmente, quando a sua apresentação pública é efetuada, o VOC acolhe quatro Vocabulários Ortográficos Nacionais (VON) – Brasil, Moçambique, Portugal e Timor-Leste. Em maio próximo deverá juntar-se o VON de Cabo Verde, que se encontra em processo de aprovação pelas respetivas autoridades nacionais, tal como o de São Tomé e Príncipe. E prosseguem os trabalhos de preparação dos VON de Angola, Guiné-Bissau.

Na sua apresentação na plataforma, o VOC configura-se como «uma base de dados digital disponível gratuita e universalmente para os cidadãos, acessível pela Internet, com aproximadamente 250 mil entradas e mais de dois milhões de formas ortográficas, realizada segundo os últimos avanços da lexicografia, composto por um vocabulário etiquetado que permite saber, entre outras coisas, o uso atestado de cada uma das palavras em cada país, possibilitando visualizar que palavras são comuns a todos os países e que palavras ocorrem em que país ou países especificamente».

A diretora executiva do IILP, a professora universitária moçambicana Marisa Mendonça, afirmou na sessão que a plataforma apresentada «é a socialização de um resultado parcial de um exercício de construção conjunta de um instrumento previsto para a aplicação do AOLP».

O secretário executivo da CPLP sublinhou pelo seu lado a necessidade de «continuar o esforço conjunto para que [o VOC] seja uma plataforma única para todos os cidadãos dos Estados membros da CPLP, bem como para os demais falantes e utilizadores da língua portuguesa», declarou.

A preparação do VOC foi conduzida pelo Conselho Científico do IILP, tendo o trabalho prático de agregação dos dados e a modelização da informação estado a cargo da equipa central do VOC, em que tiveram assento especialistas do ILTEC (Instituto de Linguística Teórica e Computacional) de Portugal, responsável pelo desenho da plataforma computacional, desenvolvida a partir da que foi usada no Portal da Língua Portuguesa para o VON de Portugal, juntamente com especialistas brasileiros do NILC (Núcleo de Investigação em Linguística Computacional) e da Universidade Federal de São Carlos, e ainda por diversos coordenadores e consultores.

Os vocabulários ortográficos nacionais foram por seu turno preparados por comissões nacionais de cada um dos países membros e, se no caso de Portugal e Brasil assentaram em vocabulários ortográficos já existentes, nos restantes países participantes da CPLP foram desenvolvidos pela primeira vez.

Marisa Mendonça considerou que os trabalhos de preparação da plataforma do VOC possibilitaram formar e capacitar equipas nacionais, desenvolver áreas de investigação específicas, refletir sobre a língua portuguesa nos vários países e, sobretudo, nos «resultados da sua convivência com as demais línguas faladas nos espaços» dos países da CPLP.

Aos PALOP e a Timor-Leste, a criação do VOC permitiu o «exercício singular, inovador e pioneiro» de construção dos seus VON.