Cavaco Silva defende que língua deve ser valorizada enquanto "vantagem competitiva"

Publicado em quarta-feira, 14 maio 2014 18:39

O Presidente da República, Cavaco Silva, defendeu em Xangai que, no contexto da atual globalização, a "língua deve ser valorizada, também ela, enquanto vantagem competitiva".

"Assim se compreende, por exemplo, o interesse que a aprendizagem do português suscita na China, dado o elevadíssimo nível de empregabilidade que o conhecimento da língua portuguesa aqui garante", disse Cavaco Silva no encerramento do seminário "Saber Português" promovido pelo Instituto Camões na Universidade de Estudos Estrangeiros de Xangai (SISU), a 14 de maio de 2014.

Para Cavaco Silva, as universidades, "cada vez mais, têm-se revelado agentes privilegiados na projeção internacional da língua e da cultura portuguesas" e, "neste contexto, cabe naturalmente realçar a importância da cooperação entre as academias portuguesas e chinesas, nas diversas áreas do saber".

"A prestigiada Universidade de Estudos Internacionais de Xangai tem-se distinguido pelo seu dinamismo na cooperação com diversas universidades portuguesas de excelência, criando extensas e muito profícuas redes de conhecimento. A aposta num Centro de Estudos de Portugal e a promoção de iniciativas como o colóquio que agora se encerra comprovam o papel que a língua portuguesa aqui detém e o potencial que lhe é reconhecido".

Para o Presidente da República, a lusofonia "enquanto ativo de Portugal no Mundo, é uma valia estratégica do país" ao passo que a língua e a cultura "devem ser encaradas como dois eixos que se reforçam mutuamente".

"A língua é o veículo de uma cultura; a cultura, na sua riqueza e diversidade, reflete a densidade da linguagem", sublinhou.

Cavaco Silva recordou ainda que há 500 anos, com os Descobrimentos, o português "tornou-se língua global", hoje falada por cerca de 250 milhões de pessoas em todo o mundo e manifestando-se como língua dominante no hemisfério sul do planeta.

O chefe de Estado descerrou com o reitor da SISU, Cao Deming, a placa do Centro de Estudos de Portugal, um mecanismo da universidade que pretende ser um catalisador de um maior e mais alargado conhecimento da realidade portuguesa.

Fundada em 1949, o ano da Fundação da República Popular da China, a SISU integra o lote das mais prestigiadas universidades do país e tem, desde 1977, um curso de língua portuguesa que já formou mais de 200 estudantes.

Desde 14 de maio de 2014, a SISU tem também um acordo com a Universidade Nova de Lisboa. Em causa, um memorando de entendimento que permitirá que os seus alunos, cumprindo dois anos de ensino do português em Xangai, frequentem dois anos do curso de gestão na instituição portuguesa, podendo assim obter a dupla certificação, em gestão e língua.

Na cerimónia, o administrador da Fundação Calouste Gulbenkian, Marçal Grilo, apresentou o projeto "Saber Português", o ensino à distância para estudantes de língua materna chinesa, o qual estará disponível no primeiro trimestre de 2015, explicou Ana Paula Laborinho, presidente do Instituto Camões.

Fonte: Agência Lusa