Constrangimentos financeiros são um desafio para a Europa como primeiro doador global

Publicado em sexta-feira, 14 dezembro 2012 11:54

Os atuais constrangimentos financeiros que a Europa atravessa representam um desafio, mas não deverão poder por em causa “o seu papel de primeiro doador global”, nem “o cumprimento de compromissos assumidos internacionalmente em termos de ajuda pública ao desenvolvimento”.

Este  foi um dos desafios lançados hoje na conferência sobre as relações Europa-África, a decorrer até sexta-feira em Lisboa,  na Fundação Calouste Gulbenkian por Francisco Almeida Leite, vogal do Conselho Diretivo do Camões – Instituto da Cooperação e da Língua (CICL), que falava também na qualidade de representante do Ministério dos Negócios Estrangeiros na sessão de abertura da conferência “A Parceria África-Europa em Construção: que Futuro?”.

Por outro lado, colocou a questão da reação dos países africanos à estagnação da economia europeia considerando que é um dos muitos desafios que se colocam a esta parceria que “encerra um potencial enorme, incluindo ao nível da prossecução de assuntos de interesse comum, que deverá ser devidamente aproveitado”. 

Para responder a esta situação, o vogal do CICL defendeu a necessidade de serem “dinamizados e fortalecidos mecanismos complementares de ajuda e financiamento” a África. Para isso, propôs o “reforço do papel de outros atores, como as organizações da sociedade civil e do setor privado”. Medidas que não devem contudo “pôr em causa o principal objetivo que tem regido a ajuda pública ao desenvolvimento: a luta contra a pobreza”- acrescentou.

Em tom de conclusão, Francisco Almeida Leite defendeu que a União Europeia tem responsabilidade na “promoção de consensos” com os seus parceiros estratégicos no processo de definição do quadro para o desenvolvimento pós-2015, que se quer “tão inclusivo e consensual quanto possível.”

A conferência que decorre em Lisboa tem como ponto de partida a Cimeira UE-África, prevista para 2014, assim como as discussões em curso sobre uma agenda global para o Desenvolvimento pós-2015, quando termina a vigência dos Objetivos do Desenvolvimento do Milénio.

Organizada pelo Instituto Marquês de Valle Flôr (IMVF), o Instituto de Estudos Estratégicos e Internacionais (IEEI) e o Centro de Estudos Africanos do ISCTE-IUL (CEA), em parceria com o European Centre for Development Policy Management (ECDPM), esta iniciativa conta com o apoio do Camões, IP, da Fundação Portugal-África e da Fundação Gulbenkian.