Moçambique: “O Homem e a História”, homenagem a José Soares Martins (José Capela)

Publicado em terça-feira, 10 fevereiro 2015 18:13

A Associação Moçambicana da Língua Portuguesa (AMOLP) e o Centro Cultural Português/Camões, I.P. em Maputo realizam, de 11 a 25 de fevereiro de 2015, uma homenagem a José Soares Martins (José Capela), denominada “O Homem e a História”.

O evento, de entrada livre, inclui um colóquio, repartido por duas sessões, uma no dia da inauguração, a 11, e outra no dia 18, bem como uma exposição biobibliográfica que ficará patente ao público até ao dia 25, no CCP/Camões, I.P. em Maputo.

No colóquio participam como convidados Aurélio Rocha, Luís Bernardo Honwana, Mia Couto, Feliciano Chimbutana, Victor Miguel, Olga Pires e Armando Pinheiro, que se debruçarão sobre as várias facetas de José Soares Martins e da sua obra, nomeadamente como jornalista, historiador e adido cultural da Embaixada de Portugal.

A exposição apresenta dados biográficos e imagens de José Capela, a bibliografia ativa publicada, alguma troca de correspondência e um vídeo alusivo à exposição “140 Anos de Imprensa em Moçambique”(1994), por si apoiada enquanto adido cultural. Será ainda exibida a gravação de uma entrevista que José Capela concedeu à investigadora Isabel Galhano, em 2013.

José Soares Martins nasceu a 25 de março de 1932 e faleceu a 18 de setembro de 2014. Concluiu o Curso de Teologia na cidade do Porto em 1954 e, dois anos depois, foi para Moçambique, cidade da Beira, onde o seu tio, D. Sebastião Soares de Resende, era bispo. Na então colónia desempenhou várias funções como sacerdote e como jornalista. Em 1956 foi nomeado chefe da redação do Diário de Moçambique e em 1959, diretor-adjunto do mesmo jornal.

Em 1962 lançou o semanário Voz Africana (também na Beira) e, em 1963, fundou em Lourenço Marques a revista Economia de Moçambique, publicações que dirigiu até 1968. No ano seguinte viajou pelo Brasil de regresso à Europa. Em janeiro de 1970 iniciou, como editor, a publicação do jornal Voz Portucalense, no Porto. Nesta cidade desenvolveu intensa atividade no domínio cooperativista e na luta antifascista e anticolonial. Participou na criação das editoras Confronto e Afrontamento e na publicação dos Cadernos Anticoloniais.

De 1978 a 1996 foi adido cultural na Embaixada de Portugal em Maputo. De regresso a Portugal passou a colaborar no Centro de Estudos Africanos da Universidade do Porto. Foi condecorado com uma Comenda pela Presidência portuguesa.

José Soares Martins foi desde jovem colaborador de imprensa periódica e especializada. Mas foi com o pseudónimo literário José Capelaque publicou várias obras e apresentou comunicações em congressos sobre as relações coloniais e a história de Moçambique. Deixou um valioso acervo de textos, sobretudo sobre o comércio de escravos.