Portugal: Paulo Rocha – desaparece o rosto do “novo cinema português”

Publicado em sábado, 29 dezembro 2012 19:11

Paulo Rocha (1935-2012) provém duma geração de cineastas que começou a sua formação nos cineclubes. Considerado um dos fundadores do movimento doNovo Cinemaem Portugal, foi em França que fez a sua formação. EmParis frequentou, até1962, o Institut des Hautes Études Cinematographiques, onde obteve um diploma de Realização de Cinema, o que lhe deu a oportunidade de ser assistente de realização deJean RenoiremLe Corporal Épingle(1962).

Um ano depois, em 1963, realiza Os Verdes Anos, filme que marca uma nova etapa na cinematografia portuguesa, tornando-se também o ponto de partida para apresentação de filmes de novos realizadores em festivais internacionais de cinema (Os Verdes Anos obtém mesmo distinções em Locarno, Acapulco e Valladolid). O filme é produzido por António da Cunha Teles, com argumento de Paulo Rocha e do escritor Nuno Bragança, e com música de Carlos Paredes.

Em 1966, novamente com produção de realiza Mudar de Vida, um dos raros filmes a abordar de forma realista, mas velada por causa da censura, a problemática da Guerra Colonial..

Em 1971, sob produção do Centro Português de Cinema (CPC), realiza o documentário Pousada das Chagas, tendo como cenário o Museu de Óbidos. Dois anos depois torna-se presidente do CPC, cargo que ocupará até 1975, data em que assume as funções de adido cultural da Embaixada de Portugal no Japão, que desempenhará até 1983.

Deixa-se fascinar pelo cinema nipónico e também pela figura e obra de Wenceslau de Moraes, escritor português que em finais do séc. XIX partiu para o Oriente, vindo a morrer no Japão, realizando a A Ilha dos Amores (1982) e A Ilha de Moraes (1983), trabalhos que se complementam e dão uma visão bastante profunda da personalidade do escritor.

Em 1988, realiza a média-metragem Máscara de Aço Contra Abismo Azul para a Rádio Televisão Portuguesa, sobre a obra do pintor português Amadeo de Souza Cardoso.

Em 1992, Paulo Rocha presta homenagem a Manoel de Oliveira em Oliveira, o Arquitecto, uma viagem por lugares a que o veterano realizador esteve ligado, acompanhada de testemunhos de familiares e colaboradores. O filme integrou uma série de televisão francesa denominada de "Cinema do Nosso Tempo".

Em 1998, realiza O Rio do Ouro, uma co-produção luso-franco-brasileira, com que o realizador pretendeu homenagear o cineasta japonês Kenji Mizoguchi.

Em 2000, apresenta A Raiz do Coração, uma farsa política (e musical) localizada numa Lisboa do futuro, protagonizada por vários "travestis".