Relatório da FAO: investir na agricultura reduz a fome e a pobreza

Publicado em terça-feira, 11 dezembro 2012 18:44

“Investir mais e melhor na agricultura é uma das maneiras mais eficazes de reduzir a fome e a pobreza ao mesmo tempo que se protege o meio ambiente”, é a mensagem principal do relatório anual da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO), apresentado a 6 de dezembro de 2012, em Roma.

Os agricultores são apontados como os principais investidores no setor da agricultura, pelo que devem ser centrais em qualquer estratégia de investimento agrícola. Contudo, o relatório sublinha que estes frequentemente limitados por climas pouco favoráveis ao investimento.

“É necessária uma nova estratégia de investimento que coloque os produtores agrícolas no centro”, disse José Graziano da Silva, Diretor-Geral da FAO. “O desafio é concentrar os investimentos em áreas onde possam fazer a diferença. Isso é importante para garantir que os investimentos vão resultar em retornos económicos e sociais elevados e sustentáveis do ponto de vista ambiental.”

Investir na agricultura compensa

Novos dados compilados para o relatório revelam que os agricultores de países com baixos e médios rendimentos investem mais de 170 mil milhões de dólares por ano nas suas quintas – cerca de 150 dólares por agricultor. Este valor é três vezes maior do que todas as outras fontes de investimento juntas, quatro vezes maior do que as contribuições do setor público, e mais de 50 vezes maior do que os apoios oficiais de desenvolvimento para esses países.

De acordo com a FAO, investir na agricultura está a compensar. Por exemplo, nos últimos 20 anos os países com as taxas mais altas de investimento agrícola tiveram mais sucesso a reduzir a fome para metade, para atingir os Objectivos de Desenvolvimento para o Milénio.

As regiões onde a fome e a pobreza extrema são mais generalizadas – Ásia do Sul e África Subsaariana – tiveram taxas de estagnação ou declínio de investimento agrícola ao longo de três décadas.

O relatório sublinha que, nos países de baixo e médio rendimento, os agricultores são confrontados com baixos incentivos para investir. Entre os factores que contribuem para que isso aconteça a FAO desta a fraca governação, a ausência de regras e leis, os elevados níveis de corrupção, os problemas com o direito à propriedade, a arbitrariedade nas trocas, uma taxação elevada da agricultura em comparação com outros sectores e a inadequação de infraestruturas e serviços públicos. Assim, apresenta-se essencial ultrapassar estas barreiras para desbloquear todos os potenciais investimentos por parte dos agricultores em muitas áreas rurais.

Melhorar os investimentos

Os governos nacionais são a segunda maior fonte de investimento na agricultura. O relatório incentiva os governos e doadores a canalizar os fundos públicos limitados para áreas que tenham provado que contribuem fortemente para o crescimento agrícola e para a redução da pobreza, tais como a investigação e o desenvolvimento agrícolas, as infraestruturas rurais e a educação.

Está provado em muitos países que investir nessas áreas “tem retornos mais elevados do que gastar em subsídios para produtos agrícolas como os fertilizantes.” De acordo com o relatório anual da FAO, os subsídios podem ser uma política popular, mas geralmente não resultam em lucros mais elevados.

Para além dos governos, o relatório apela a organizações internacionais, à sociedade civil e os investidores empresariais para que assegurem que os investimentos a grande escala na agricultura, como a aquisição de terras por empresas e fundos privados, são transparentes, responsáveis, socialmente benéficos e ambientalmente sustentáveis.

Mais detalhes sobre o relatório em: http://www.fao.org/publications/sofa/en/